Manual de Limpeza e Desinfecção para Industria Alimentar

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Manual de Limpeza e Desinfecção para Industria Alimentar 1

Durante o processo de fabricação de alimentos, verifica-se a acumulação dum conjunto de materiais indesejáveis, entre os quais restos de alimentos, corpos estranhos, substâncias químicas do processo, e microrganismos. Esta situação pode resultar do processo de produção normal, como é o caso da adesão de restos de alimentos às superfícies de trabalho, ou de anomalias no processo, como por exemplo, as resultantes de contaminação por deficiente manutenção dos equipamentos ou de contaminação ambiental. Estes materiais indesejáveis, são habitualmente designados de “resíduos” ou “sujidade”.

Nossa empresa é uma fábrica de produtos de limpeza industrial em São Paulo que atende empreendimentos de diversos níveis. Entre os setores mais comuns, está a indústria de alimentos e serviços ligados a alimentos.

Dentro dos materiais indesejáveis mencionados, deve ser dada especial atenção à eliminação e controlo dos microrganismos, sobretudo dos microrganismos causadores de doenças (patogênicos) e dos que causam a deterioração do produto.

A higienização deverá, assim, assegurar a eliminação das sujidades visíveis e não visíveis e a destruição de microrganismos patogénicos e de deterioração até níveis que não coloquem em causa a saúde dos consumidores e a qualidade do produto. Deverá ser respeitada a integridade das superfícies de trabalho e deverá haver o cuidado de eliminar qualquer químico utilizado no processo de higienização.

Indústria de alimentos no Brasil

A indústria brasileira de alimentos e bebidas é a maior do País: representa 9,6% do PIB brasileiro e gera 1,6 milhão de empregos formais e diretos. O Brasil é o segundo maior exportador de alimentos industrializados do mundo, levando seus alimentos para mais de 180 países.

Um setor que produz com qualidade, segurança, sustentabilidade, e que investe constantemente em inovação e tecnologia para atender ao crescimento da população mundial e aos diversos estilos de vida.

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Instituições governamentais que são fonte de informações sobre limpeza na indústria alimentar no Brasil:

  1. ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – https://www.gov.br/anvisa/pt-br
  2. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – https://www.gov.br/agricultura/pt-br
  3. Ministério da Saúde – https://www.gov.br/saude/pt-br
  4. MAPA (Manual de Boas Práticas de Fabricação para Indústria de Alimentos) – https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/arquivos-publicacoes-insumos/agricultura/boas-praticas-de-fabricacao.pdf
  5. Guia de Boas Práticas de Fabricação para Serviços de Alimentação da ANVISA – https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/alimentos/controle-de-alimentos/guia-de-boas-praticas-de-fabricacao-para-servicos-de-alimentacao

Estas instituições oferecem uma série de orientações e regulamentações sobre limpeza e desinfecção na indústria alimentar, que são fundamentais para garantir a segurança dos alimentos produzidos e a saúde dos consumidores.

O que é higienização

A palavra “higienização” deriva do grego hygieiné que significa “saúde”. Na indústria alimentar, o processo de higienização consiste num conjunto de práticas que tem como objetivo devolver ao ambiente de processamento (superfícies das instalações, dos equipamentos e utensílios) a boa condição higiênica inicial (início da laboração).

A higienização deve remover os materiais indesejados (restos de alimentos, corpos estranhos, resíduos de produtos químicos e microrganismos) das superfícies a um nível tal que, os resíduos que persistirem, não apresentem qualquer risco para a qualidade e segurança do produto.

Para realizar um programa de higienização com sucesso, é essencial compreender a natureza da sujidade que vai ser removida, saber escolher o método mais adequado para a sua remoção, assim como o método mais indicado para avaliar a eficácia do processo utilizado.

O presente manual pretende reunir informações técnicas úteis para as empresas produtoras de produtos tradicionais, na tentativa de ajudar a compreender os aspectos acima mencionados. São apresentadas regras básicas que devem ser seguidas no processo de higienização, assim como, orientações para a elaboração de planos de higienização.

Dependendo do processo de fabrico, do tipo de produto, do tipo de superfícies e do nível de higiene requerido, a higienização pode ser efetuada apenas através de uma limpeza (L), ou de uma limpeza seguida de desinfecção (L+D). Entenda a diferença entre limpeza, desinfecção e higienização.

Higienização = Limpeza (L) ou Limpeza + Desinfecção (L+D)

O processo de limpeza consiste essencialmente na eliminação de restos de alimentos e outras partículas que ficam sobre as superfícies enquanto que a desinfecção consiste na destruição ou remoção dos microrganismos. Especialmente no caso da desinfecção química, a limpeza deve, em grande parte das situações, preceder a desinfecção para que esta seja eficaz, pois os restos dos alimentos interferem com os agentes de desinfecção. Estes dois processos serão desenvolvidos nos capítulos 3 e 4 deste manual.

Uma higienização corretamente efectuada deve conduzir à eliminação, tanto quanto possível, dos microrganismos presentes tanto nas superfícies como na atmosfera dos locais de trabalho e dos equipamentos. Em termos de etapas, a operação de higienização pode esquematizar-se conforme descrito na Tabela 1 e na Figura 1.

Tabela 1 – Etapas da Limpeza (L) e da Limpeza + Desinfecção (L+D)

EtapaAção
EnxaguamentoRemoção das sujidades maiores com aplicação de água
LimpezaRemoção de sujidades pela aplicação de detergente
EnxaguamentoRemoção do detergente com água corrente
Desinfecção (L+D)Destruição de bactérias pela aplicação de desinfetante ou calor
Enxaguamento (L+D)Remoção de desinfetante com água corrente
SecagemRemoção do excesso de água

O processo de limpeza inicia-se com um primeiro enxaguamento para a remoção de partículas de sujidade e de alguns microrganismos (que são arrastados com os outros resíduos).

Numa segunda etapa, aplica-se o detergente, o qual vai atuar sobre as partículas de sujidade que se encontram aderidas, diminuindo a sua ligação às superfícies.

Numa terceira etapa dá-se o enxaguamento para a remoção completa das partículas entretanto libertadas, do detergente aplicado e uma vez mais de alguns microrganismos. 

Entenda a aplicação de quatro tipos de produtos de limpeza industrial.

No caso de ser necessário realizar desinfecção, aplica-se o desinfetante (atua sobre os microrganismos) (quarta etapa), seguido de enxaguamento para remoção completa dos desinfetantes (quinta etapa, dispensável para alguns tipos de desinfetantes). Por fim, realiza-se a secagem, que tem como finalidade a remoção da água em excesso, de modo a evitar que a humidade residual favoreça o crescimento de microrganismos.

Etapas do processo e higienização

Quais negócios podem aplicá-lo

Considerações prévias à Higienização 

O método a utilizar para a eliminação de sujidades é função de um conjunto de fatores, nomeadamente, do tipo de sujidade, do tipo de superfície, da qualidade da água e do tipo de equipamentos. Vejamos de seguida, cada um destes fatores. 

Tipo de Sujidade 

O tipo de sujidade é um elemento muito importante no processo de higienização, pois como vamos ver no capítulo 3, é crucial para seleccionar o método e detergente adequado para a sua remoção. Os depósitos de sujidade são normalmente misturas complexas. A Tabela 2 apresenta alguns tipos de sujidade orgânica e inorgânica.

Tabela 2 – Diferentes tipos de sujidade orgânica e inorgânica Fonte: adaptado de Marriot (1997)

SujidadeTipo de sujidadeExemplos
Inorgânica  Resíduos de água duraCarboidratos de cálcio e magnésio
Resíduos metálicosFerrugem e outros óxidos
Resíduos alcalinosPelículas que se formam quando um detergente alcalino não é devidamente enxaguado
OrgânicaResíduos de alimentosRestos de alimentos
Resíduos de petróleoÓleos lubrificantes, gorduras e outros lubrificantes
Resíduos que não contêm petróleoGordura animal e óleos vegetais

As Tabelas 3 e 4 apresentam algumas características (solubilidade, facilidade de remoção,…) dos principais tipos de sujidade orgânica nas indústrias de carnes e lacticínios. O conhecimento da sua solubilidade é importante para a escolha do produto correcto, assim como o conhecimento dos aspectos que podem tornar o processo de limpeza mais difícil.

Tabela 3 – Remoção de diferentes tipos de sujidade na indústria das carnes

Fonte: adaptado de Fresco (2002)

SujidadeSolubilidadeFacilidade de eliminaçãoEvitar
GordurasInsolúveis em água e em soluções alcalinas ou ácidasFácil na presença de tensoativos e com a ajuda da temperatura (40ºC a 60ºC)Polimerização por ação de temperatura elevada e oxidação
ProteínasPouco solúveis em água. Ligeiramente solúveis em solução alcalina.Relativamente fácilPrecipitação, coagulação, carbonização
Hidratos de carbonoSolúveis em águaFácilCaramelização

Tabela 4 – Remoção de diferentes tipos de sujidade na indústria dos lacticínios

Fonte: adaptado de Fresco (2002)

SujidadeSolubilidadeFacilidade de eliminaçãoEvitar
LactoseSolúvel em águaFácilCaramelização
GordurasPouco solúveis em água, em soluções alcalinas ou ácidas e na ausência de substâncias tensoativasFácil na presença de substâncias tensoativasPolimerização
ProteínasPouco solúveis em água. Ligeiramente solúveis em soluções ácidas, solúveis em solução alcalinaDifícil em água, mais fácil em soluções alcalinasDesnaturação
Sais mineraisSolubilidade em água variável, mas a maioria são solúveis em soluções ácidasRelativamente fácilPrecipitação

Tipos de Superfícies

As superfícies em contato directo com os alimentos devem ser atóxicas, não absorventes, não porosas ou corrosivas. Dos vários materiais utilizados na indústria alimentar, entre os quais se encontram referidos na Tabela 5, o melhor para as superfícies que entram em contato directo com os alimentos é o aço inoxidável.

O aço inoxidável é resistente à corrosão, mas não está totalmente isento de problemas. Na sua superfície forma-se uma película protetora de óxido de cromo. Essa película quando destruída, refaz-se naturalmente com o simples contato com o ar. No entanto, se utilizarmos um material abrasivo ou se empregarmos produtos químicos cáusticos, a superfície ficará arranhada definitivamente, facilitando a sua corrosão. Nestes dois casos a limpeza e desinfecção ficarão dificultadas. Saiba como limpar mesa utilizada para manipulação de alimentos.

Tabela 5 – Características das superfícies nas instalações de uma empresa alimentar

Fonte: Marriot (1997)

MaterialCaracterísticasPrecauções
MadeiraAbsorve umidade, gorduras e óleosNão usar, não é higiénico
MetaisDetergentes ácidos ou com cloro causam enferrujamentoGalvanizados previnem enferrujamento
Estanho/Folha de FlandresPodem ser corroídos por detergentes ácidos ou alcalinosNão permitir o contato com os alimentos
BetãoPode ser atacado por alimentos ácidos e agentes de limpezaDeve ser denso e resistente a ácidos e não se fragmentar
VidroSuave e impermeável. Pode ser atacado por detergentes alcalinos fortesLimpar com detergentes alcalinos suaves ou neutros
TintasMétodo de aplicação afecta a qualidade da superfície. Atacado por agentes alcalinos fortesAlgumas tintas não são compatíveis
BorrachaNão deve ser porosa ou esponjosa. Não é afectada por detergentes alcalinosÉ atacada por solventes orgânicos e ácidos fortes 
Aço inoxidávelResiste à corrosão. Superfície suave e impermeável. Resiste à oxidação a altas temperaturas. Fácil de limpar. Não magnético.Algum aço inoxidável é atacado por produtos com cloro, iodo, bromo ou flúor

Saiba sobre como é importante usar o material de limpeza correta em cada superfície de piso.

Qualidade da Água

A qualidade da água é também um fator determinante. Deve ser própria para consumo, limpa e transparente, branda (não precipita sabões nem forma incrustações), livre de microrganismos e não corrosiva. Uma água com dureza excessiva, isto é, com excesso de sais inorgânicos (cloretos de cálcio e de magnésio, sulfatos e bicarbonatos) reduz a eficácia de alguns detergentes e desinfetantes e contribui para a formação de incrustações na superfície do equipamento durante a evaporação. O uso de águas brandas está particularmente indicado para as operações de limpeza química. Relativamente à qualidade da água, existe legislação específica a qual deve ser consultada.

Tipo de Equipamentos

Existe um conjunto de equipamentos, como por exemplo, picadoras, misturadoras, enchedoras, entre outros, que apresentam superfícies não visíveis e cheias de contornos onde se acumulam resíduos. Neste caso, antes de se proceder ao primeiro enxaguamento, é necessário desmontar os equipamentos de modo a conseguir-se fazer uma higienização correta.

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Nossos produtos incorporam avanços tecnológicos em relação aos produtos disponíveis atualmente no mercado brasileiro, características que têm por objetivo, aumentar a segurança de uso, economizar a energia necessária nas operações de limpeza e redução do impacto ambiental.

A Biosan é uma fornecedora de produtos de limpeza industrial que tem sua fábrica no estado de São Paulo e atende todo o Estado. Nossos produtos são voltados para eficiência e economia no uso, segurança na aplicação e redução do impacto ambiental. Trabalhamos com diversos níveis de customização às necessidades de nossos clientes e temos uma logística de entrega diferenciada.

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Produtos autorizados pela ANVISA

O uso de produtos de limpeza e desinfetantes aprovados pela ANVISA e registrados para uso em indústrias alimentícias é importante por diversas razões. Em primeiro lugar, esses produtos são específicos para a limpeza e desinfecção de áreas, equipamentos e utensílios utilizados na produção de alimentos, garantindo a eficácia da limpeza e evitando a contaminação cruzada.

Além disso, esses produtos passam por testes e avaliações rigorosas antes de serem aprovados pela ANVISA, o que significa que são seguros para uso em contato com alimentos e não apresentam riscos à saúde dos consumidores.

Para seguir os procedimentos adequados, é necessário identificar os produtos que são aprovados pela ANVISA e registrados para uso em indústrias alimentícias, conforme descrito nas embalagens. É importante seguir as instruções de uso recomendadas pelo fabricante, como diluição, tempo de contato e enxágue adequados, além de garantir que os produtos sejam armazenados adequadamente.

Se não forem seguidos os procedimentos adequados, pode haver consequências negativas, como a contaminação dos alimentos por produtos químicos ou a ineficácia da limpeza, o que pode levar à proliferação de micro-organismos e colocar em risco a saúde dos consumidores. Além disso, o uso de produtos não aprovados pela ANVISA pode resultar em sanções legais, multas e até mesmo o fechamento da empresa.

Como saber que um produto é autorizado pela ANVISA

Para saber se um produto de limpeza é aprovado pela ANVISA, é necessário verificar se ele possui registro na agência. O registro é uma autorização concedida pela ANVISA para a comercialização e uso de um produto no país, e é obrigatório para produtos que possuem finalidade sanitária, como os produtos de limpeza e desinfetantes utilizados na indústria alimentar.

Para verificar se um produto de limpeza possui registro na ANVISA, basta acessar o portal da agência (https://consultas.anvisa.gov.br/) e inserir o nome ou número do registro do produto na opção de busca. Caso o produto esteja registrado, aparecerá na busca o nome do fabricante, o número do registro, a composição química e a finalidade do produto.

É importante lembrar que utilizar produtos de limpeza e desinfetantes sem registro na ANVISA é considerado infração sanitária e pode acarretar em sanções legais, multas e até mesmo o fechamento da empresa. Por isso, é fundamental sempre verificar se os produtos utilizados na indústria alimentar possuem registro na ANVISA e são indicados para a finalidade desejada.

A Limpeza

A Limpeza, tal como referido anteriormente, consiste essencialmente na eliminação de restos de alimentos e outras partículas. Este processo pode ser concretizado através de uma ação física (ex.: varrer, escovar, etc.), química (utilização de detergentes) ou mecânica (bombas de água de alta pressão, etc.) sobre uma determinada superfície. Na indústria alimentar, a maioria dos procedimentos passam por uma ação conjunta da utilização de agentes químicos (detergentes), auxiliados pela ação mecânica, pelo que neste capítulo, far-se-á particular referência aos detergentes.

Detergentes

Os detergentes modificam a capacidade de penetração e remoção da sujidade pela água. Existem muitos tipos de detergentes industriais diferentes. Removem a sujidade através da degradação de gorduras, de proteínas e da dissolução de sais minerais e impedem a re-deposição da sujidade. Saiba mais sobre os tipos de detergentes e seu pH.

Agentes alcalinos

As soluções de limpeza alcalinas tem um valor de pH entre 7 (neutro) e 14 (o mais alcalino). Existem vários tipos de agentes alcalinos:

Agentes moderadamente alcalinos

São eficientes na remoção de gorduras mas não na remoção de resíduos minerais. Estes compostos apresentam poderes de dissolução moderados e podem ser desde ligeiramente corrosivos a nada corrosivos. Como exemplo temos o carbonato de sódio que é muito usado em limpeza manual e em sistemas de produção de vapor.

Agentes alcalinos suaves

São muito usados para a limpeza manual de áreas ligeiramente sujas. Estes compostos (por ex: soluções de bicarbonato de sódio) são eficazes em água sem calcário, mas não removem os resíduos minerais.

Agentes ácidos

Os agentes de limpeza ácidos removem os materiais que estão secos ou incrustados nas superfícies e dissolvem os minerais. São produtos especialmente eficazes na remoção dos depósitos minerais formados pelos agentes de limpeza alcalinos. Quando a água é aquecida a temperaturas superiores a 80ºC, alguns dos minerais depositam-se e aderem às superfícies metálicas. Os agentes ácidos dissolvem os minerais dos depósitos de modo a que sejam facilmente removidos.

Ácidos orgânicos (como o cítrico, o tartárico, o sulfâmico) não corroem superfícies, não irritam a pele e são facilmente removidos com água.

Os ácidos inorgânicos são excelentes a remover e a controlar os depósitos minerais, mas podem ser bastante corrosivos para as superfícies e irritantes para a pele. Os agentes ácidos são usados mais para situações muito específicas do que para uso geral. Estes agentes são menos eficazes que os agentes alcalinos na remoção de sujidades causadas por gorduras, óleos e proteínas.

Agentes fortemente ácidos

Estes compostos corroem a grande maioria dos metais e estruturas de aço. O aquecimento de agentes ácidos leva à produção de gases tóxicos e corrosivos que podem afectar os pulmões. Estes agentes removem minerais e a matéria incrustada nas superfícies dos equipamentos de vapor, caldeiras e alguns equipamentos de processamento alimentar. Quando a solução está muito quente, os minerais podem voltar a se depositar e formar uma película. O ácido fosfórico é um exemplo deste tipo de compostos.

Agentes moderadamente ácidos

Estes compostos são ligeiramente corrosivos e podem causar reações sensíveis. Alguns destes produtos podem atacar a pele e olhos. Exemplos de agentes moderamente ácidos são: ácidos levulínico, hidroacético e glucónico. Os ácidos orgânicos são adequados para limpezas manuais e conseguem amaciar a água. São, no entanto, mais caros que outros agentes ácidos.

Solventes

Os solventes consistem em soluções de éter ou álcool. Funcionam bem contra sujidades provocadas por produtos à base de petróleo, como óleos e gorduras lubrificantes. Habitualmente as empresas alimentares utilizam agentes alcalinos para remover sujidades orgânicas e solventes para remover grandes quantidades de depósitos de petróleo em áreas de manutenção e nos motores. O uso de solventes deve ser controlado.

Dependendo do nível de óleos, gordura ou graxa impregnado na superfície, equipamento ou utensílio, o uso de outros produtos pode ser necessário. O uso de desengraxantes e desengordurantes em cozinhas industriais é fundamental. Saiba como funciona um desengordurante industrial.

Principais Fatores na Atuação dos Detergentes

Os principais fatores que condicionam a ação dos detergentes são: a sua concentração de uso, o tempo de atuação, a temperatura e a ação mecânica requerida (Figura 2).

Fatores que influenciam a ação do detergente

Concentração (gl-1)Tempo (min)
Temperatura (ºC)Ação Mecânica (kg cm-2)

Concentração

É função do produto utilizado. Existe uma concentração específica que corresponde à máxima eficácia da ação química.

Tempo

É função dos outros parâmetros, em particular do tipo e quantidade de sujidade. O tempo de contato deve ser suficiente para que o produto seja eficaz.

Temperatura

Acelera as reações químicas.

Ação mecânica

É fundamental para retirar as sujidades das superfícies e dispersá-las na solução de limpeza.

A modificação de qualquer um destes fatores implica necessariamente a alteração dos outros para que a eficácia da limpeza seja assegurada.

A Escolha do Detergente

A escolha do detergente vai depender do tipo e da quantidade de sujidade a remover, assim como das suas características ao nível da solubilidade. Normalmente uma sujidade inorgânica requer um detergente ácido, enquanto que as sujidades orgânicas são melhor removidas por detergentes alcalinos.

Na Tabela 6 é apresentada a correspondência entre os diferentes tipos de sujidade e os agentes de limpeza requeridos.

Tipos de sujidadeAgente de limpeza
Sujidade inorgânicaAgente ácido
Sujidade orgânicaNão petróleoPetróleoAgente alcalino
Agente solvente

No entanto, em grande parte das situações, os resíduos são misturas complexas, pelo que geralmente, os detergentes são misturas de vários agentes de limpeza, que incluem uma gama alargada de componentes alcalinos inorgânicos, ácidos orgânicos e alguns aditivos. Além das características funcionais pretendidas, os detergentes devem ser o menos corrosivos possível, estáveis e amigos do ambiente. A selecção final do detergente de

A Desinfecção

A seguir à limpeza, a desinfecção é usada para reduzir o número de microrganismos viáveis, por remoção ou destruição e para prevenir o crescimento microbiano durante o período de produção. Este processo pode ser alcançado mediante a aplicação de agentes ou processos (químicos ou físicos) a uma superfície limpa. A desinfecção é especialmente requerida em superfícies húmidas, as quais oferecem condições favoráveis ao crescimento de microrganismos.

Tipos de Desinfecção

Existem essencialmente 3 tipos de desinfecção: desinfecção por calor, desinfecção por radiação e desinfecção química.

A desinfecção por intermédio do calor é um bom método pois não é corrosivo e destrói todos os tipos de microrganismos. No entanto, apresenta a limitação de não poder ser utilizada em superfícies sensíveis ao calor, e de ser relativamente cara. Este tipo de desinfecção é eficaz se assegurarmos que a temperatura atinge toda a superfície a desinfectar e durante o tempo necessário para a destruição dos microrganismos (apresenta bons resultados em circuitos fechados).

A desinfecção por radiação é um processo mais usado em hospitais e laboratórios e não tanto na indústria alimentar. Os restos de alimentos e outras sujidades absorvem a radiação tendo um efeito protector sobre os microrganismos.

A desinfecção que recorre à utilização de produtos químicos é a que se encontra mais generalizada na indústria alimentar. Na prática, não existem desinfetantes universais, pelo que é preciso algum cuidado na escolha e aplicação dos desinfetantes.

Os desinfetantes

Existem vários tipos de desinfetantes consoante o tipo de microrganismos que eliminam. Entre eles, destacam-se os desinfetantes anti-fúngicos (eliminam bolores) e os desinfetantes bactericidas (eliminam bactérias). Em termos da forma de apresentação, podem ser líquidos (ex: álcoois), sólidos (em pó para diluição em água, ex: pastilhas de cloro) ou gasosos (ex: gás de cloro) depende da consideração de todos os fatores acima referidos e deverá apoiar-se nas recomendações do fornecedor. Saiba como escolher desinfetante da forma certa.

Da grande diversidade de desinfetantes existentes no mercado, os 3 mais usados são o cloro e compostos de cloro, os compostos de iodo e os compostos de amónio quaternário.

Cloro e compostos de cloro

Estes compostos são bons anti-bacterianos e não deixam sabores nos produtos se usados nas concentrações adequadas. São muito utilizados dado serem baratos. Estes desinfetantes podem contudo mostrar-se ineficientes na presença de alguns produtos orgânicos. As soluções muito concentradas podem ser corrosivas especialmente para as ligas de alumínio. Dentro dos compostos de cloro, são muito utilizados os hipocloritos, em particular o hipoclorito de cálcio e o hipoclorito de sódio.

Compostos de iodo

Podem ser usados em combinação com agentes de limpeza ácidos. Precisam de pouco tempo de contato com as superfícies e eliminam um largo espectro de bactérias. As soluções preparadas devem ter concentrações de 25 a 50 mg/l de iodo activo com pH inferior a 4. Os compostos de iodo são inativados na presença de resíduos alimentares e sujidades. Apresentam uma cor amarela quando o iodo activo se mantém presente. A perda de cor indica a inactividade do composto. Podem ser corrosivos, sendo necessário um enxaguamento abundante com água limpa.

Compostos de amónio quaternário

Estes compostos apresentam uma boa capacidade de higienização e têm uma baixa atividade corrosiva. Não são tóxicos. Tendem a permanecer nas superfícies, pelo que é importante enxaguar cuidadosamente com água limpa depois de desinfectar. Devem ser usados em concentrações de 200 a 1200 mg/l. Se a água for dura deve-se aumentar a concentração. Não devem ser usados em conjunto com detergentes e com agentes higienizantes aniônicos. A sua atividade contra bactérias Gram negativo é menor do que no caso do cloro.

Principais Fatores na Atuação dos desinfetantes

A eficácia dos desinfetantes depende essencialmente de seis fatores: 

  1. tempo de contato
  2. temperatura
  3. concentração
  4. pH
  5. limpeza prévia 
  6. dureza da água.

Tempo de contato

O tempo de contato é um parâmetro característico dos diferentes desinfetantes, sendo que quanto maior for a contaminação mais tempo será necessário para a desinfecção.

Temperatura

De uma forma geral os desinfetantes atuam melhor a temperaturas acima da temperatura ambiente. No entanto, em muitos casos o aumento da temperatura é limitado pela volatilidade dos desinfetantes.

Concentração

Na maioria das aplicações quanto mais concentradas forem as soluções mais rápida é a sua atuação. 

pH

Cada desinfetante tem uma gama de valores de pH onde é mais eficaz.

Limpeza prévia

A eficácia dos desinfetantes é reduzida na presença de restos de alimentos, pois por um lado, estes vão ter um efeito protector sobre os microrganismos e por outro lado, pode ocorrer a neutralização do desinfetante. É assim essencial a remoção de toda a sujidade antes da desinfecção. No caso de superfícies pouco sujas, é possível aplicar uma solução que inclui o detergente e o desinfetante.

Dureza da água

Uma dureza excessiva da água reduz a eficácia de alguns desinfetantes, sobretudo de amónio quaternário, e contribui para a formação de incrustações nas superfícies.

Como escolher o desinfetante

A escolha dos desinfetantes depende de vários fatores nomeadamente a flora microbiana existente. Os microrganismos que podemos encontrar nas superfícies podem apresentar maior ou menor resistência aos desinfetantes. Os microrganismos patogênicos (geralmente não são os mais numerosos) são bastante sensíveis à ação do calor, de desinfetantes e da variação do pH do meio; os microrganismos termoresistentes são difíceis de destruir pelo calor pois vegetam a 80-90º C e são sensíveis aos desinfetantes.

Em termos de aplicação prática, cada empresa deve conhecer qual a flora típica associada ao seu produto. Este ponto é essencial para a adequação do desinfetante ao tipo de contaminação a destruir (ver Tabela 8).

Nível de contaminação existente

O conhecimento do grau de contaminação é importante. Os microrganismos morrem de uma forma logarítmica, isto é, se 90% dos microrganismos de uma dada superfície morrem em 10 minutos, 90% dos restantes demoram também 10 minutos a morrer e assim sucessivamente. Neste caso, ao fim de 20 minutos teríamos presentes 1% dos microrganismos originais. Assim torna-se claro que quanto maior for a contaminação mais tempo será necessário para que a desinfecção seja efectiva.

Além destes fatores referidos, há que considerar ainda os seguintes fatores:

  • Tipo de superfície sendo desinfectada
  • Nível de sujidade residual
  • Tempo disponível para a desinfecção
  • Método de aplicação
  • Qualidade da água de enxaguamento
  • Corrosividade do produto
  • Odor residual do produto

A selecção final do desinfetante depende da consideração de todos os fatores acima referidos e deverá apoiar-se nas recomendações do fornecedor de detergentes.

Na Tabela 8 encontra-se um quadro comparativo entre os principais desinfetantes químicos e o vapor, relativamente a algumas das propriedades anteriormente referidas.

Tabela 8 – Comparação de desinfetantes usuais

PropriedadesVaporCompostos de cloroCompostos de iodoAmónios quaternáriosÁcidos Aniónicos Surfactantes
Bact. Gram + (Bact. lácticas, clostridios, Bacillus, Staphylococcus)ÓptimoBomBomBomBom
Bact. Gram ? (E. Coli, Salmonella, bact. psicrotróficas)ÓptimoBomBomMauBom
EsporosBomBomMauRegularRegular
CorrosivoNãoSimLigeiramenteNãoLigeiramente
Afectado pela dureza da águaNãoNãoLigeiramenteTipo A, nãoTipo B, simLigeiramente
Irritante para a peleSimSimSim para algumas pessoasNãoSim
Afectado por matéria orgânicaNãoMuitoUm poucoPoucoUm pouco
Incompatível comMateriais sensíveis a altas temperaturasFenóis, aminas, metais brandosAmidoPrataAgentes umectantes aniónicos, sabão, madeira, tela, celulose, nylonSurfactantes catiónicos e detergentes alcalinos
Estabilidade da solução de uso Dissipa-se rapidamenteDissipa-se lentamenteEstávelEstável
Estabilidade da solução a quente (>66ºC) InstávelMuito instável (usar a menos de 45°C)EstávelEstável
Deixa resíduos ativosNãoNãoSimSimSim
Testes para detectar resíduosNão é necessárioSimplesSimplesDifícilDifícil
CustoCaroMuito baratoBaratoCaroCaro
Efectivo a pH neutroSimSimNãoSimNão

Métodos de Higienização

Neste capítulo será feita uma breve referência aos métodos de limpeza que se encontram mais vulgarizados: limpeza manual, imersão, alta pressão, espuma e gel, limpeza de equipamentos e circuitos fechados e pulverização.

A selecção de um sistema de limpeza deve considerar a forma como a combinação real das condições influenciará a limpeza. Esta selecção é muito importante, por razões de eficácia e de custos, sendo em algumas situações conveniente o conselho de um profissional da área.

Limpeza Manual

É usual os operadores limparem manualmente, usando equipamentos e complementos básicos, com água e um detergente. Este tipo de limpeza, pouco sofisticada, necessita de muita mão-de-obra e requer muita atenção pois pode levar a resultados variáveis.

Escovas – as cerdas/pêlos devem ser tão ásperas/duras quanto possível sem prejudicar a superfície. Existem escovas feitas com vários materiais: pêlo de cavalo, fibra, nylon, entre outros. Pode-se referir, em particular, que as escovas de nylon têm fibras fortes, flexíveis, uniformes, duradouras e não absorvem a água. Escovas feitas com cerdas/pêlos absorventes não são higiénicas pelo que devem ser evitadas.

Raspadores – podem ser usados na limpeza de resíduos de produto quando a operação apresenta uma dimensão reduzida que não justifica usar limpeza mecanizada.

Mecanismos abrasivos – tal como “palha de aço”, são bons na remoção manual de sujidades. Estes mecanismos de limpeza não podem ser usados em superfícies que vão estar diretamente em contato com alimentos, pois podem danificá-las e causar corrosão.

Mangueiras / pistolas de água – devem ser suficientemente longas para chegar a todas as áreas que precisam de ser limpas, mas não demasiado devido às quedas de pressão. Uma escova com uma cabeça de pressão ajuda a limpar e a escovar ao mesmo tempo. A utilização de pistolas de água, requer alguns cuidados para não “espalhar” a sujidade.

Lavagem com água quente – é um método de limpeza muito usado. Os açúcares e outros carboidratos e alguns sais são relativamente solúveis em água. A água quente remove melhor estes resíduos do que gorduras e proteínas. Se não for aplicada em alta pressão, a água pode não atingir todas as áreas. Tal como todos os equipamentos que usam água, este método tem um custo elevado de energia e causa condensação.

Imersão

A imersão pode realizar-se com ou sem agitação. É utilizada para a lavagem de pequenas peças de equipamento desmontáveis: formas, caixas e outros utensílios. Este método de limpeza geralmente utiliza água quente e/ou detergente.

Lavadoras de Alta Pressão

As bombas de água de alta pressão podem ser portáteis ou fixas dependendo do volume e necessidade da operação. As unidades portáteis são normalmente mais pequenas, bombeiam de 40 a 75 L/min a uma pressão de 41.5 Kg/cm2 e têm um compartimento que mistura os componentes de limpeza. As unidades fixas bombeiam de 55 a 475 L/min. Se for através de um pistão ou de uma turbina a bombagem é de 300 L/min e 475 L/min, respectivamente, com uma pressão de 61.5 Kg/cm2.

Bombas de água de baixa pressão – estas bombas são semelhantes às anteriores, trabalhando a uma pressão menor, com consequente menor vaporização do produto e menos danos nas superfícies.

Pistolas de vapor – trata-se de um acessório que mistura vapor com água e/ou componentes de limpeza. As melhores unidades são ajustadas de tal modo que o vapor não crie um nevoeiro à volta das agulhetas. Requer muita energia e pode não ser seguro porque causa nevoeiro. Este nevoeiro condensa e pode promover o crescimento de bolores e bactérias nas paredes e tectos. A bomba de alta pressão geralmente trabalha com pistolas de vapor a uma baixa temperatura da água, em conjugação com um composto de limpeza.

Lavagem com Espuma e Gel

Este método permite evitar a ação mecânica. Consiste em pulverizar a espuma ou gel sobre a superfície do equipamento e deixar atuar durante um determinado período de contato. Este método é bastante interessante pelo fato de haver uma poupança considerável em termos de custos de mão de obra. Saiba da utilidade da espuma na limpeza.

Dependendo do nível de espuma criada ou do formado de descarte deste efluente para o esgoto, o uso de antiespumantes industriais pode ser necessário.

O antiespumante para esgoto pode ser aplicado diretamente no descarte do efluente, das águas residuais da indústria de alimentos.

CIP – Limpeza de Equipamentos e Circuitos Fechados

Sistemas CIP – Este método de limpeza, designado a maioria das vezes, de limpeza CIP, iniciais da designação inglesa “Cleaning In Place”, consiste numa instalação específica para higienização em circuito fechado. Nestes sistemas, tem lugar uma circulação, distribuição, aspersão e armazenamento de produtos de higienização e água sobre as superfícies a higienizar. Isto pode fazer-se de uma maneira automática (circuitos fixos) ou manual (circuitos móveis). Estes tipos de sistemas apresentam um custo de instalação muito elevado e só se justificam para empresas de grandes dimensões.

Circulação – utiliza-se em todos os circuitos fechados, como as canalizações e tubagens. Utiliza-se uma bomba para fazer circular o fluido, sendo importante conseguir uma turbulência, a qual está diretamente relacionada com a quantidade de sujidade arrastada. Deve fazer-se circular o caudal no sentido inverso ao utilizado normalmente, conseguindo-se, desta forma, arrastar a sujidade em zonas difíceis tais como os espaços mortos.

Pulverização

Nebulizantes e fumigantes – utilizados para a desinfecção de superfícies abertas (nebulizantes) ou superfícies fechadas (fumigantes).

A desinfecção de superfícies por via aérea consiste na emissão do produto desinfetante em forma de névoa com partículas de diâmetros muito reduzido.

Permite o acesso a superfícies escondidas. O reduzido tamanho das partículas permite prolongar a sua permanência no ar.

Aspersão – pode utilizar-se para limpar grandes superfícies como é o caso do interior e exterior dos depósitos. É de extrema importância, neste caso, o tempo de contato do produto higienizante com a superfície a limpar. Utilizam-se vários tipos de dispositivos para a aspersão: distribuidores de baixa, média ou alta pressão. Com estes dispositivos pode-se utilizar soluções frias ou quentes, incluindo vapor de água.

Comparação entre Métodos

Restos de alimentos que aderem fortemente à superfície do equipamento necessitam de muita energia física para se conseguir um rendimento satisfatório de limpeza. Por esta razão podem ser inadequados os sistemas BP e os sistemas Espuma/gel. Por outro lado, os restos de alimentos que são solúveis em água podem ser, geralmente, eliminados de forma satisfatória por qualquer um dos sistemas. De maneira idêntica, um elevado nível de sujidade sobre o equipamento implica um gasto de energia física elevado, mesmo que se trate de um tipo de sujidade relativamente fácil de limpar.

Uma instalação aberta não é logicamente adequada para uma técnica de limpeza CIP. As tubagens fechadas são normalmente adequadas para as técnicas CIP, enquanto que os recipientes grandes podem ser limpos muito satisfatoriamente usando o sistema AP. A existência de espaços vazios em equipamentos fechados reduz a eficácia das técnicas CIP.

Os métodos BP e Manuais não são adequados para limpar zonas de difícil acesso.

As superfícies horizontais são relativamente fáceis de limpar com todos os sistemas, enquanto que as superfícies verticais se limpam mais facilmente usando sistemas de AP ou Espuma/gel.

No caso de equipamento aberto que contenha espaços vazios ou zonas mortas, é preferível recorrer aos sistemas AP ou Manuais.

Avaliação da Eficácia da Higienização

A avaliação da eficácia da higienização é muito mais do que a simples inspecção visual, embora esta represente uma parte essencial desse processo. A primeira questão sendo colocada é “Qual é o objetivo da higienização?” ou “O que devemos esperar do processo de higienização?”. Depois devem ser colocadas questões relacionadas com o modo como se vai avaliar a higienização, ou seja, “No final do processo de higienização, que avaliação deve ser realizada para mostrar que aquele processo é satisfatório?”.

A eficácia da higienização passa pela avaliação do estado das superfícies, relativamente a um ou mais, dos seguintes critérios:

  1. Superfície livre de resíduos – quando toda a sujidade e resíduos tiverem sido removidos.
  2. Superfície livre de químicos – quando os materiais de limpeza e/ou desinfecção tiverem sido removidos por enxaguamento.
  3. Superfície aceitável do ponto de vista microbiológico – quando o número de microrganismos é reduzido a um nível aceitável.

Avaliação da Presença de Resíduos

É Feita, normalmente, através da inspecção visual. Para tubagens ou partes do equipamento menos visíveis, por exemplo tanques, pode recorrer-se a conjuntos especiais de iluminação e espelhos ou fibra óptica. Em sistemas complexos de tubagens, devem ser escolhidos pontos de inspecção onde possam ocorrer problemas de higienização. Estes pontos de inspecção consistem em pequenas extensões de tubo – cerca de 30 cm – que podem ser desmontados para o efeito. 

É igualmente importante lembrar que quando o equipamento fechado (por exemplo bombas, tanques, tubagens, etc.) está sem ser usado durante um ou dois dias, quando aberto, o cheiro pode dar uma indicação da situação higiênica. Esta avaliação requer alguém com alguma experiência no processo de higienização. A luz ultravioleta pode também ser útil se a sujidade depositada for fluorescente.

Avaliação da Presença de Químicos

Se houver uma confirmação de que foi feito o enxaguamento final, não é, normalmente, realizado mais nenhum teste ou avaliação. Se existir alguma dúvida acerca do enxaguamento final, é prudente repetir e/ou prolongar essa parte do ciclo de higienização. Caso haja a suspeita da presença de resíduos de algum composto em particular poderá ser necessário analisar a água de enxaguamento final.

Avaliação Microbiológica

Esta avaliação é feita utilizando técnicas microbiológicas padrão para determinar o número e tipo de organismos. Muitas vezes é suficiente saber o número total de microrganismos mas para alguns casos é importante saber que tipo de organismo está presente, por exemplo coliformes fecais, leveduras, etc.

Os métodos normalmente utilizados são:

Zaragatoa

Esta é a técnica mais usada. Começa-se por mergulhar a extremidade da zaragatoa – de algodão – num tubo com água ou solução de diluição estéril, retira-se e esfrega-se na superfície a analisar. Coloca-se novamente a zaragatoa no tubo, agita-se para que os microrganismos passem para o líquido e faz-se a sua enumeração utilizando um método de contagem em placa. Pode utilizar-se uma grande variedade de meios de cultura seletivos e diferenciais para investigar concretamente determinados grupos de microrganismos. Devem ser analisadas as áreas mais difíceis para o processo de higienização.

Análise da água de enxaguamento

Este método permite enumerar os microrganismos que eventualmente estejam presentes na água do enxaguamento final.

Contato direto

Neste método são utilizadas as placas de contato (RODAC – Replicate Organism Direct Agar Contact). Estas placas contêm um meio de cultura que entra em contato com a superfície a analisar (tipo carimbo). Fecham-se as placas, incubam-se e contam-se as colônias formadas. Podem ainda ser utilizadas lâminas de contato cujo modo de utilização é semelhante ao das placas de contato.

Determinação do ATP (bioluminescência)

É um método rápido que quantifica a quantidade total de matéria orgânica incluindo microrganismos e resíduos de alimentos. Ambos contêm ATP que vai ser convertido, proporcionalmente, em luz através de um sistema enzimático. A luz emitida é quantificada com um fotómetro. A vantagem fundamental desta técnica é que os resultados são obtidos em tempo real. A bioluminescência tem sido utilizada com êxito para monitorizar o estado higiénico de diversas indústrias alimentares.

É importante referir que independentemente do método utilizado se pretende:

  1. confirmar que o sistema de limpeza utilizado permite atingir resultados microbiológicos aceitáveis.
  2. produzir informação que demonstre que continuam sendo obtidos bons resultados.

Monitorização

Os responsáveis pela higienização devem inspeccionar o seu próprio trabalho e informar o seu supervisor quando o método usado não dá o resultado esperado. O supervisor deve inspecionar a limpeza depois de esta ter terminado mas antes da equipa de limpeza abandonar a área. A inspecção é feita visualmente devendo ser referido em relatório algo que corra mal. Isto pode acontecer quando há um problema com o método utilizado ou quando não é aplicado corretamente.

Devem estar previstas revisões – auditorias – aos métodos utilizados de forma a verificar que continuam adequados. No caso de ocorrerem erros, devem ser feitas revisões adicionais às previstas. De modo a comparar as revisões durante um certo período de tempo, estas devem ser registradas e mantidas em ficheiro. Estas revisões podem ser feitas recorrendo a folhas de verificação. Este tipo de abordagem tem vantagens e desvantagens que é necessário entender. As vantagens incluem a construção de uma lista de itens a serem inspecionados igual para todos os inspetores. A grande desvantagem desta abordagem é que pode ser usada mecanicamente, impedindo que se faça uma avaliação pouco profunda e inteligente.

É essencial que essas revisões sejam conduzidas por quem tem experiência técnica e autoridade suficiente para assegurar as medidas correctivas apropriadas. É um desperdício de tempo e dinheiro quando são feitos simples registos de deficiências sem serem tomadas as medidas apropriadas.

Registos

O fator chave na realização dos registos está relacionado com o objetivo dos mesmos. É de um valor considerável poder provar que o sistema de higienização escolhido é efetivo e está sendo aplicado. É igualmente importante conhecer as tendências dos resultados das inspecções e dos testes realizados para que se possa atuar antes de se perder o controlo do processo.

Regras Básicas da Higienização

Os procedimentos de higienização, embora não sendo difíceis de colocar em prática, devem obedecer a um conjunto de regras. De seguida apresenta-se, de forma resumida, um conjunto de regras básicas que devem ser seguidas para que a higienização seja bem sucedida.

Antes

Seleccionar criteriosamente os métodos de higienização.

Existe um conjunto de métodos para efetuar a higienização (ver capítulo 5). Para a selecção de um método devem ser seguidos critérios de eficácia e critérios económicos.

Ao definir a sequência de limpeza, deverá ter presente, que esta deve ser realizada das áreas menos contaminadas para as áreas mais contaminadas.

A sequência de limpeza e desinfecção deve ser tal forma orientada que seja prevenida a contaminação cruzada, comum em cozinhas, por exemplo.

Todo o equipamento de limpeza manual deve estar identificado por um sistema de cores associado a cada área da fabrico. Por exemplo, os utensílios utilizados na limpeza dos sanitários e áreas sociais não devem ser utilizados na limpeza das áreas produtivas. O sistema de identificação por cores evita a possibilidade de engano.

Colocar vestuário apropriado e luvas.

Alguns dos produtos de limpeza e desinfecção são cáusticos ou irritantes, pelo que devem ser tomadas medidas de protecção pessoal para evitar eventuais acidentes pessoais.

Vestuário industria de alimentos limpeza

Assegurar que os operadores envolvidos no processo de higienização compreenderam todas as instruções de limpeza. 

Deverá ser feita a confirmação junto dos operadores, de que estes compreenderam bem os métodos de preparação e aplicação dos químicos de limpeza, bem como os cuidados em termos de protecção pessoal.

Não deixar acumular lixo nos contentores.

A acumulação de lixos é fonte de atração de ratos e outras pragas, o que só contribui para aumentar potenciais riscos de contaminação. Assim, todos os lixos devem ser colocados em baldes tampados e retirados da área produtiva com regularidade.

Retirar ou cobrir os produtos alimentares.

A aplicação de produtos químicos nunca deve ser feita na presença de alimentos ou suas matérias-primas. Estes devem ser retirados ou devidamente tapados para evitar contaminações.

Durante

Seguir sempre as instruções mencionadas nos rótulos dos produtos de higienização – Para cada tipo de detergente ou desinfetante encontra-se mencionada nos rótulos informação relativa à concentração, à temperatura de aplicação e ao tempo de contato destes produtos. É necessário seguir com rigor essas indicações.

Seguir sempre os procedimentos de limpeza – Os procedimentos de limpeza estipulados foram estabelecidos para garantir a eficácia do processo de limpeza, pelo que nunca se deve simplificar ou aplicar procedimentos não estipulados (por ex: fazer mistura de químicos por iniciativa própria).

Começar a limpeza de paredes e equipamentos de cima para baixo – Esta orientação tem como objetivo evitar a recontaminação das superfícies.

Mudar a água de enxaguamento, quando fria ou suja – Esta orientação tem como objetivo evitar novas contaminações.

Comunicar falhas nos equipamentos, falta de químicos ou de vestuário protector – Deve-se incentivar os operadores a comunicarem ao responsável qualquer dos acontecimentos acima referidos.

Depois

Arrumar os utensílios de limpeza em lugar próprio – Os utensílios de limpeza não devem ser arrumados num local qualquer, a empresa deve dispor de um local próprio para a sua arrumação.

Lavar, desinfetar e secar todos os utensílios e equipamentos de limpeza – Os utensílios e equipamentos de limpeza, devem ser devidamente higienizados no final da utilização (não devem ser higienizados nos lavatórios das mãos).

Guardar os detergentes num local fechado à chave – Os detergentes e desinfetantes, ou qualquer outra substância tóxica utilizada para a limpeza devem encontrar-se armazenados em local adequado e fechados à chave, prevenindo-se, assim, uma contaminação acidental ou maliciosa dos alimentos.

Lavar as mãos – No final da higienização, por razões de protecção pessoal, os operadores devem lavar as mãos.

Segurança no Processo de Higienização

A higienização pode ser uma operação potencialmente perigosa para os operadores intervenientes e/ou outros colegas de trabalho A água utilizada na limpeza/higienização pode tornar os pavimentos escorregadios e proporcionar eventuais quedas de operadores; o equipamento que necessita de ser desmontado pode deixar expostas superfícies cortantes; os produtos de higienização podem ser irritantes e tóxicos, sendo potencialmente prejudiciais para a operação em si ou para o pessoal envolvido na limpeza/higienização. Neste sentido devem ser tomadas medidas preventivas, uma vez que os perigos nem sempre são evidentes para os operadores.

Rotulagem dos produtos

Todos os produtos químicos potencialmente perigosos devem ser rotulados e acompanhados pelo respectivo símbolo de perigo químico, indicando o tipo de perigos e as consequências de uso indevido. Os fornecedores devem fornecer as fichas de segurança dos produtos contendo as características importantes (propriedades, áreas de aplicação, modo de usar e frases de risco e segurança).

Armazenamento dos produtos

Devem ser tidos os seguintes cuidados no armazenamento dos produtos de higienização:

  • O local de armazenamento do material de limpeza/desinfecção deve estar separado de outras áreas da fábrica e ser um espaço fechado com acesso restrito. Este local deve ser fresco, seco, de tamanho e ventilação adequados, bem sinalizado e mantido limpo;
  • Os produtos ácidos e alcalinos devem ser armazenados em separado;
  • Os produtos ácidos devem estar separados dos produtos com cloro;
  • Os produtos com cloro devem ser armazenados no escuro;
  • Todos os produtos devem estar rotulados;
  • Não transferir produtos de limpeza/higienização para recipientes alternativos de armazenamento. O produto pode reagir com o material do novo recipiente;
  • As tampas das embalagens devem ser sempre fechadas firmemente;
  • Devem existir áreas de lavagem para uso corrente e para fazer face a uma emergência. Deve-se chamar à atenção para o uso apropriado de equipamento de proteção como luvas, máscaras, botas, etc;
  • O derramamento acidental deve ser tratado de imediato e os procedimentos para lidar com avarias /ou derramamentos devem estar devidamente documentados.

Plano de Higienização

O plano de higienização é um documento que indica quais as ações que têm que ser tomadas para limpar e/ou desinfectar, de forma apropriada, as instalações e equipamentos de uma unidade industrial.

Normalmente o referido documento, colocado em local acessível para ser usado como referência, procura dar resposta a uma série de questões como:

  • O que é limpo?
  • Como é limpo?
  • Quando é limpo?
  • Quem limpa?

Elaboração de um plano de higienização

A elaboração de um plano de higienização pode incluir várias etapas/procedimentos, nomeadamente:

  • Inspecção das instalações
  • Análises físico-químicas e microbiológicas da água
  • Estudo dos meios disponíveis para a realização do plano de higienização
  • Definição do tipo de produtos a aplicar, modo de aplicação, frequência e dose de aplicação
  • Estabelecimento de uma rotina de Limpeza (L) + Desinfecção (D) para cada zona/área ou equipamento e para cada operador de higienização

Inspecção das instalações

De modo a adquirir uma noção geral da área a higienizar torna-se necessário fazer uma inspecção/visita à área produtiva de modo a conhecer:

O produto alimentar sendo produzido bem como as matérias primas necessárias.

Esta informação permite ter conhecimento do tipo e quantidade de sujidade. Como já foi referido no capítulo 2, os diferentes tipos de sujidade requerem atuações diferentes em termos de higienização.

O estado do material e das superfícies ou suportes a higienizar.

Todo o material que vai estar em contato com os alimentos necessita de ser higienizado, mas dependendo do seu estado de conservação e do tipo de sujidade, o plano de higienização pode ser ajustado. O tipo de superfícies influencia o tipo de produtos a utilizar pois nem todos são compatíveis com todas as superfícies. Além disso é necessário ter atenção ao estado de conservação das mesmas, nomeadamente à corrosão, fendas e desgaste. Uma superfície em mau estado é mais difícil de higienizar.

A disposição dos equipamentos na área produtiva.

A sequência de higienização deve prevenir a recontaminação. Além disso, os equipamentos devem estar dispostos de modo a que todos os locais estejam acessíveis e, se necessário, devem ser fáceis de desmontar.

Análises físico-químicas e microbiológicas da água

Tal como foi mencionado no capítulo 2, a água a utilizar no processo de higienização tem que ser própria para consumo não devendo conter microrganismos. Além disso, é necessário conhecer algumas características como a dureza, o pH e a presença de alguns iões. Estes parâmetros influenciam a eficiência de alguns produtos de higienização.

Estudo dos meios disponíveis

É necessário identificar:

O número de horas e horário de limpeza.

Pode ser necessário fazer alterações nos horários de laboração para que o processo de higienização seja realizado convenientemente e o tempo seja rentabilizado.

Os sistemas e equipes disponíveis para a higienização das instalações.

Os equipamentos e utensílios de limpeza devem estar em bom estado de conservação e ser adequados aos produtos e procedimentos adotados. O pessoal envolvido na higienização deve ter formação sobre os procedimentos utilizados para que os aplique convenientemente.

Definição do tipo de produtos a aplicar, modo de aplicação, frequência e dose de aplicação

Dependendo do tipo de sujidade presente nos equipamentos e utensílios, e com base no grau de higienização pretendido, devem ser identificados o tipo de produtos a aplicar, o modo, a frequência e a dose.

Estabelecimento de uma rotina de Limpeza (L) + Desinfecção (D)

Esta definição tem de ser feita para cada zona/área ou equipamento e para cada operador de higienização.

O plano de higienização, regra geral é apresentado sob a forma de tabelas ou esquemas e deve especificar:

  • as áreas, os equipamentos e os utensílios que devem ser limpos, como os utensílios de cozinha, por exemplo
  • o método e a frequência da limpeza,
  • os aparelhos e os materiais específicos a utilizar,
  • a quantidade, o tempo de contato necessário para a atuação e o tipo de químicos a utilizar para cada operação,
  • os responsáveis por cada limpeza e desinfecção.

A Tabela 11 apresenta um exemplo de um plano de higienização. A empresa pode optar por elaborar um procedimento único que envolve a higienização de todas as áreas.

Como alternativa ou complemento, o plano de higienização pode conter fichas de higienização individuais para cada um dos itens/áreas principais (ver Tabela 12).

A segurança dos operadores é um fator importante a ter em consideração na elaboração deste tipo de planos. Assim, deve existir, junto do local de utilização, um arquivo com as fichas de segurança de todos os produtos utilizados na limpeza e desinfecção. A empresa deve garantir que todos os operadores tenham formação na área da higiene e estejam sensibilizados para as questões de segurança no trabalho.

Tabela 11 – Exemplo de um plano de higienização

Área/Item a higienizarMétodoFrequênciaSegurançaResponsável
PavimentosAplicar espuma com o produto x a 4%, a cerca da 50 ºC;
Deixar atuar durante 5 minutos;
Enxaguar com água quente (50ºC) garantindo que todos os vestígios de espuma e sujidade são removidos.
1 X dia
Luvas, botas e aventalEquipe de higienização
ParedesAplicar espuma com o produto x a 4%, a cerca da 50 ºC;
Deixar atuar durante 5 minutos;
Enxaguar com água quente (50ºC) garantindo que todos os vestígios de espuma e sujidade são removidos.
1 X mêsLuvas, botas e aventalEquipe de higienização
Utensílios (facas, peq. recipientes…)Diluir o produto Y a 1-2 % e imergir os utensílios;
Deixar atuar durante 30 a 60 minutos;Enxaguar e secar
Após cada utilizaçãoLuvasUtilizador de cada utensílio
Equipamento AUtilizar o produto Z a 0,5 – 1% em circuito fechado, à temp. de cerca 60ºC durante 15 minutos;Enxaguar com águaApós cada utilizaçãoLuvasUtilizador do equipamento
Equipamento BAplicar o produto Z a 2% sobre o equipamento à temp. de cerca de 60ºC durante 15 minutos;Enxaguar com água e secarApós cada utilizaçãoLuvas, botas e aventalUtilizador do equipamento
Câmaras frigoríficasPulverizar as paredes, tecto e chão com o produto W a 2-6%;
Deixar atuar durante 10 a 30 minutos;
Enxaguar com água fria
De 2 em 2 mesesMáscaras, luvas, aventaisResponsáveis pelas câmaras frigoríficas

Tabela 12 – Exemplo de uma ficha de higienização

FICHA DE HIGIENIZAÇÃO
Área de aplicação: Instalações fabrisFicha de higienização: PavimentosUtensílios necessários: Escova, vassoura, baldeResponsável: Responsável pela limpeza das instalações fabris
Método de limpezaMétodo manual
ProcedimentoColocar luvas de protecção;Enxaguar a zona de limpeza com água, removendo assim a sujidade solta;Diluir a x% o detergente no balde;Aplicar o produto nas superfícies;Esfregar com uma vassoura;Enxaguar abundantemente com água;Aplicar o produto desinfetante nas superfícies;Deixar atuar durante 10 minutos;Enxaguar abundantemente com água;Secar a superfície.
FrequênciaDiária
Produtos a utilizarProduto x – para lavagem manualProduto y – para desinfecção
Concentração do produto a utilizarProduto x – 0.1%Produto x – 0.5%

A Implementação

A implementação inicial

Depois de elaborada a versão teórica do plano de higienização, a empresa deve passar à fase de implementação, isto é, a aplicar os procedimentos/planos elaborados às áreas/secções/utensílios e equipamentos envolvidos. Os operadores deverão, desde logo, preencher uma folha de registo que evidencie que os procedimentos foram aplicados.

A validação

Uma vez implementado o plano de higienização há que comprovar que as metodologias identificadas produzem na prática os resultados esperados, isto é, é necessário garantir a eficácia do plano. Para tal, é frequente recorrer-se às técnicas mencionadas no capítulo 6.

A verificação

Uma vez validado e implementado o plano, dever-se-á, com uma certa periodicidade, verificar na prática, que o que está no plano é cumprido de uma forma rotineira. Isto constitui os chamados procedimentos de verificação. É importante estar consciente que não basta ter a prova das folhas de controlo, mas ter a garantia de que os procedimentos foram efectuados de acordo com o estabelecido (sem introdução de alterações por iniciativa dos operadores de higienização).

A revisão

Passado algum tempo após a implementação do plano de higienização, a empresa deve avaliar o resultado da sua aplicação e caso se justifique, fazer revisões ao referido plano. Essas revisões podem incluir uma modificação somente de alguns itens menos eficazes, ou em casos mais complexos, pode mesmo ser alterada a estrutura do plano de higienização. Em qualquer uma destas situações, é fundamental antes de proceder às alterações, identificar corretamente as causas/motivos da higienização deficiente de modo a evitar que essas situações se voltem a repetir.

Legislação Brasileira sobre higienização na indústria de alimentos

Para lançar um produto no mercado alimentício ou iniciar um negócio nesse setor, é preciso estar atento às regras de regulamentação de importantes órgãos brasileiros.

Principais órgãos responsáveis pelo setor da indústria de alimentos no Brasil: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, além de ações da Vigilância Sanitária – VISA. Cada um deles atende e normatiza diferentes aspectos da produção.

A relação completa das áreas de produção com obrigatoriedade e não obrigatoriedade de registro foi definida pela RDC 27/2010.

A qualidade é um fator de interesse privado das empresas, que podem seguir diferentes padrões internacionais para implementar uma forma de produção com níveis distintos de reconhecimento.

No Brasil, em complemento às normas da Legislação Sanitária e de Boas Práticas de Fabricação, há a norma técnica NBR 15635, concedida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT com relação ao setor alimentício.

MAPA

Trata da normatização de produtos de produção primária, como de origem animal, vegetais in natura e bebidas alcoólicas, não alcoólicas e fermentadas, ou seja, que não sofreram processo de modificação.

Esse órgão é responsável pelo estímulo à agropecuária e pelo fomento ao agronegócio. Uma de suas tarefas é garantir a segurança alimentar da população do país e da produção para exportação. 

Dessa forma, o Mapa fiscaliza indústrias de produtos de origem animal e vegetal, assim como abatedouros.

No caso dos abatedouros, o trabalho é feito pelo MAPA e por uma equipe de técnicos contratados pela própria empresa, que inspecionam diariamente cada animal morto antes do início da produção.

Em fábricas de produtos de origem animal, como o leite, a fiscalização é feita de forma periódica nos lotes dos produtos e a responsabilidade maior de garantia de qualidade fica por parte da empresa produtora.

ANVISA

Atua na fiscalização de produtos que foram processados ou sofreram modificação, como os de origem vegetal, aditivos, embalagens e diversos alimentos.

A Anvisa tem o papel de promover a proteção da saúde da população através do controle sanitário de produtos e serviços, sejam eles nacionais ou importados. 

Esse controle é feito através da fiscalização de ambientes, processos, insumos e tecnologias associados à produção, bem como pelo controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegários.

Vigilância Sanitária

As vigilâncias sanitárias funcionam a nível estadual e municipal.

Elas são responsáveis por ações que eliminem, diminuam ou previnam riscos à saúde da população, intervindo em problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços relacionados à saúde. 

Na área alimentar, a vigilância sanitária é responsável por fiscalizar todos os tipos de alimentos, matérias-primas, processos tecnológicos, embalagens e utensílios que fazem parte da produção.

Ou seja, independentemente de qual órgão já mencionado regulamenta e fiscaliza a produção de determinado produto, quando ele chega ao mercado, passa a ser de responsabilidade da vigilância sanitária.

BOAS PRÁTICAS (BPS)

As Boas Práticas garantem que o Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle, o APPCC, funcione de modo eficaz. As BPs fornecem as condições operacionais e ambientais básicas necessárias para a produção de alimentos seguros e saudáveis.

Dependendo da etapa da cadeia na qual são implantadas, recebem diferentes denominações como Boas Práticas Agrícolas (BPA), Boas Práticas de Produção (BPP), Boas Práticas de Higiene (BPH), de Fabricação (BPF) e Boas Práticas de Manipulação (BPM).

Todos os segmentos da cadeia produtiva de alimentos devem fornecer as condições necessárias para proteger os alimentos enquanto estiverem sob seu controle.

Legislação para BPF

No Brasil, as legislações gerais aplicáveis a todo tipo de alimento instituídas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que tratam das Boas Práticas de Fabricação são:

  • Resolução RDC nº. 275, de 21 de outubro de 2002;
  • Portaria SVS/MS nº. 326, de 30 de julho de 1997;
  • Portaria MS nº. 1428, de 26 de novembro de 1993.
  • A Portaria nº. 368, de 04 de setembro de 1997, aprova o Regulamento técnico sobre as condições higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos elaboradores/ industrializadores de alimentos, nas empresas que estão sob fiscalização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. (DAMIAN et al, 2008).

Algumas leis brasileiras relacionadas a segurança na manipulação de alimentos

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